Artigo publicado nos 12 anos do Dinheiro Vivo, a 2 de março de 2024.
De acordo com um estudo da BCG de 2023, apesar da incerteza económica global, a inovação passou a ser uma das principais prioridades das empresas tendo sido colocada por quase 80% entre os seus três principais objetivos e 42% esperavam aumentar significativamente os seus orçamentos nesta área.
A inovação é essencialmente de um desafio cultural: criar um sentido de objetivo organizacional e um ambiente que encoraje e estimule não só a criatividade, mas também a capacidade de associar esta mesma criatividade a um propósito que se traduza em retorno tangível para a empresa, direta ou indiretamente. Já dizia Thomas Edison, um dos grandes inovadores, que o valor de uma ideia está no seu uso.
E se o desafio é grande para os gigantes empresariais não é menor para as PME’s que tendo em princípio a seu favor uma maior agilidade, têm também maiores dificuldades em dispor de capital e recursos para inovação.
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Ainda assim, independentemente dos fatores exógenos à organização que podem influenciar positiva ou negativamente a capacidade de inovar, desde o próprio sector/mercado onde se insere até à tão necessária capacidade do Estado em estimular a mesma (entre muitos outros), cada empresa pode fazer o seu caminho. Será inevitavelmente necessário maior investimento mas que por si só nunca será suficiente sem uma (r)evolução cultural a todos os níveis da organização: reduzir a burocracia interna, identificar, procurar e promover novas competências – e aqui não podemos de forma alguma descurar a importância de uma força de trabalho diversa e inclusiva – estimular a autonomia e a cooperação não só interna mas com stakeholders externos, criando pontes com a academia e outras empresas ou parceiros, procurando perspetiva e escala.
Absolutamente essencial será também incorporar no (novo) modelo de gestão uma política de gestão de riscos eficiente, garantindo o espaço para assumir níveis calculados (e preferencialmente quantificados) mas inevitáveis de risco. E claro, criar mecanismos de controlo e análise do desempenho das unidades ou veículos de inovação.
Não havendo uma receita infalível, a inovação só se consegue com quantidades generosas de trabalho árduo, tenacidade, consistência e racionalidade a que se junta uma pitada de génio e se polvilha com otimismo e ambição.