É sabido que o carro enquanto benefício não chega a todos os colaboradores. Pode abranger um grupo mais pequeno ou mais abrangente de pessoas, ser atribuído pelo estatuto ou pela função exercida, consoante a empresa e/ou o setor onde opera, mas é certo que todos os que dele beneficiam, o valorizam verdadeiramente.
Em Portugal, ao contrário de outros países, muitos profissionais valorizam a comodidade e o conforto de ter um carro, chegando a ser um fator decisivo na escolha de uma empresa em detrimento de outras. Para a empresa, oferecer carro como benefício representa, em certos casos, uma compensação em espécie adicional à remuneração dos colaboradores, um diferencial competitivo importante na atração e retenção de talentos e, um custo mais ou menos controlável, se apoiado por uma política automóvel efetiva.
O benefício Automóvel não pode ser comparado com qualquer outro benefício devido à sua visibilidade e impacto direto na experiência diária dos colaboradores, por isso é seguro presumir que quaisquer alterações (ou a ausência delas) serão notadas.
Nos últimos anos verificou-se que o que estava muitas vezes sob escrutínio na revisão da política automóvel, era, em grande parte, o custo mensal da locação e/ou a marca e modelo do carro atribuído ao colaborador, que levava a que a revisão da política fosse orientada fundamentalmente pela gestão e controlo de custos.
Quase metade das empresas que participaram no estudo Company Car 2023 da WTW, reviram a sua política automóvel com o objetivo de se alinharem com o mercado, introduzirem políticas mais flexíveis e amigas do ambiente e, também reduzir custos. A mudança mais observável que foi introduzida verificou-se ao nível da revisão de marcas e modelos dos carros.
Efetivamente, é notável a movimentação do mercado automóvel em direção a carros mais amigos do ambiente. Além das vantagens financeiras para as empresas, como menos gastos com combustíveis, manutenção e eficiência fiscal, os carros elétricos contribuem fortemente para a diminuição da poluição na atmosfera e para o cumprimento de metas de sustentabilidade, já muito presentes nas agendas dos líderes empresariais. O custo-benefício dos carros elétricos compensa as empresas que desejam oferecer um meio de transporte mais sustentável e também mais económico, quando comparado a veículos movido por combustíveis fósseis.
À medida que o mundo continua a mudar o seu foco no que é mais importante, as organizações ficam numa posição que requer reflexão ponderada. A forma como as empresas abordam os programas que afetam diretamente os seus colaboradores e o ambiente irá, em última análise, afetar a reputação empresarial entre comunidades e talentos. Compreender os hábitos de mobilidade dos colaboradores e o que faz sentido para eles do ponto de vista prático é crucial ao propor opções de mobilidade alternativas.
Não existe por isso uma verdade absoluta sobre qual é a melhor opção para cada caso concreto, sem uma análise prévia a todos os custos e impacto para a empresa e para os seus colaboradores.
Os responsáveis de Recursos Humanos, compensação e benefícios e ou gestores de frota podem utilizar dados de mercado para compreender as práticas que orientam o panorama da mobilidade num determinado país, sendo que, o que se aplica a um País, não tem necessariamente de aplicar-se a outros da mesma maneira. E, quem tem a responsabilidade de trabalhar políticas de automóvel globais deve levar isso em conta. A melhor e mais defensável abordagem baseia-se sempre em análises e dados sólidos.
Em Portugal, o impacto emocional de atribuição de um carro é considerável, sendo pouco provável que se altere apesar de diferentes circunstâncias. E ser competitivo também tem sido dos objetivos principais para as empresas e é improvável que desapareça.