Entrevista
O trabalho desenvolvido pela equipa, a diversidade de talento e o baixo custo levaram a multinacional a escolher o hub português para apoiar a operação na Europa. Investimento é de 14 milhões de euros e a equipa vai crescer em 300 pessoas até 2024.
Foi em 2009 que a Willis Towers Watson (WTW), multinacional especializada em consultoria, corretagem e soluções empresariais, decidiu criar em Lisboa um centro de competências para apoiar as congéneres europeias, sobretudo o Reino Unido, em matéria de pensões e atuariado.
Os anos passaram, a equipa foi crescendo e, em meados do ano passado, como parte da estratégia de inovação da empresa - cujos pilares assentam na tríade crescimento, simplificação e transformação - o hub da capital foi eleito, entre 140 destinos possíveis, para centralizar o trabalho interno da WTW.
Apesar de contar, à data, com dois centros globais, na Índia e nas Filipinas, a companhia sentia a necessidade de ter dois polos regionais para suportar o crescimento na América Latina e na Europa.
O dedo apontou para a Cidade do México e Lisboa, que, aos olhos de uma consultora externa, sobressaíram nos critérios equipa, cultura, talento e custo. Portugal passou, assim, a ter a seu cargo a valorosa tarefa de tornar mais eficientes as operações do grupo no continente e apoiar não só uma, mas várias linhas de negócio.
E para que tal se concretize, o hub "alfacinha" receberá um investimento em torno dos 14 milhões de euros, que vão servir para transformar as instalações, cobrir os custos inerentes à passagem de trabalho, recrutar e dar formação à equipa atual e aos mais de 300 profissionais que tem em vista contratar durante os próximos dois anos.
A caça ao talento iniciou-se ainda em 2022, com o aumento dos responsáveis pelo recrutamento, bem como com a admissão de uma estrutura de melhoria contínua, que, durante o processo de transição, identificará oportunidades de simplificação das atividades. As restantes contratações serão direcionadas para a área operacional.
"Tudo o que possa ser transformado num processo é qualificado como apto a ir para um hub", explica Joana Araújo Pereira, diretora do centro de excelência português da WTW, em conversa com o Dinheiro Vivo, revelando que, pela primeira vez, o centro terá funções de gestão de projetos e conhecimento do cliente. A par, trabalhará a área do atuariado, risco climático, futuro do trabalho, experiência dos utilizadores e operações de corretagem. "Abriu-se um leque gigante", refere a responsável.
Ainda que atribua mérito à diversidade de talento no país e ao baixo custo, a líder do hub lisboeta faz uma vénia ao desempenho da sua equipa "sólida e com provas dadas", que tem uma atitude de "vamos conseguir fazer", cria relações e concretiza projetos-piloto que depois "são um caso de sucesso".
Segundo Joana Araújo Pereira, o ambiente vivido no centro de competências da capital é de entreajuda e a cultura da organização é muito focada nas pessoas, que, ao todo, perfazem 23 nacionalidades. Facto é que "muitos profissionais voltam" ao lar onde foram felizes.
Entre todas as iniciativas que a WTW promove para reter talento, incluem-se as correções salariais periódicas e a retificação das desigualdades de género, pelo menos, no que às posições de liderança diz respeito, atesta a responsável.
Assumindo apenas a competência natural para "colocar as pessoas no sítio certo", a diretora admite que esta oportunidade jamais teria sido captada se o trabalho não fosse feito de mãos dadas. "Algumas pessoas têm receio de ter na equipa pessoas tão boas ou melhores que elas" - mas este, aponta, foi o fator-chave para a capital sobressair entre os 140 destinos.