Ir para o conteúdo principal
main content, press tab to continue
Artigo

Estudar compensa cada vez menos, especialmente para as mulheres

Por Patrícia Macedo | 20 julho 2022

A educação tem um papel fundamental no crescimento económico de um país, e na produtividade das empresas. E a procura por trabalhadores qualificados é cada vez maior, tendo sido acelerada pela pandemia.
Retirement
N/A

Em Portugal, os desafios desta procura são agravados por um nível de educação da população empregada abaixo da média europeia.

É frequente ouvirmos dizer que Portugal é o país menos educado da União Europeia. Menos de 60% da população portuguesa entre os 15 e os 64 anos de idade concluiu, pelo menos, o ensino secundário, 15 pontos percentuais abaixo da média da UE, e colocando-nos no último lugar da tabela. Face a estes dados, é necessário questionarmo-nos se estamos a dar os incentivos corretos para que a oferta de trabalhadores qualificados venha a igualar a procura das empresas. A resposta pode não ser a que esperamos.

No final do passado mês de junho, duas publicações vieram revelar uma realidade inquietante: estudar compensa cada vez menos, especialmente para as mulheres.

Segundo o relatório “Estado da Nação”, publicado pela Fundação José Neves, entre 2011 e 2019, o salário médio (em paridade de poder de compra) diminuiu 11% para trabalhadores com o ensino superior, 3% para trabalhadores com o ensino secundário, e aumentou 5% para trabalhadores com o ensino básico.

E num país onde a população mais qualificada é maioritariamente feminina – de acordo com os dados mais recentes do INE, as mulheres representam 60% da população com o ensino superior –, esta realidade ameaça ser ainda mais pessimista para as mulheres. É esse o cenário que a última edição do Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Mulheres e Homens, publicado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento no passado dia 29 de junho, vem confirmar.

De acordo com os dados divulgados pelo Barómetro de 2022, as diferenças salariais entre homens e mulheres são significativamente agravadas à medida que aumenta o nível de qualificação. A diferença entre o salário médio das mulheres e dos homens, para os trabalhadores com o ensino básico ou inferior, é de 16%, a desfavor das mulheres. Para trabalhadores com o ensino secundário, esta diferença aumenta para 19%, sendo que o grupo dos trabalhadores com o ensino superior é aquele onde se verifica uma disparidade mais acentuada, de 26%.

Os números falam por si. O incentivo remuneratório à educação é cada vez menor. Se nada mudar, o futuro da educação em Portugal pode ser sombrio, com os jovens, e especialmente as jovens, a questionarem as vantagens de investirem na sua educação ou a optarem por sair do nosso país para serem devidamente recompensados.

Se queremos que a oferta de trabalhadores qualificados acompanhe o aumento da procura, precisamos dos incentivos certos. Estudar precisa de voltar a compensar. E precisa de compensar de igual modo para homens e mulheres. Compensar justamente, e igualitariamente, os trabalhadores de hoje, é a melhor maneira de garantir a existência de trabalhadores qualificados no futuro.

Autor


Senior Associate - Retirement
email E-mail

Related content tags, list of links Artigo Reforma
Contact us