Riscos, inovação e eficiência: os novos desafios da indústria farmacêutica no Brasil
Dezembro 9, 2025
A indústria farmacêutica brasileira cresce, mas enfrenta desafios de riscos, rastreabilidade, ESG e inovação para garantir eficiência, resiliência e competitividade.
ESG and Sustainability|Risk and Analytics
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A indústria farmacêutica brasileira vive um momento de expansão e complexidade. O país se consolidou como o sexto maior mercado farmacêutico do mundo, movimentando cerca de R$ 152 bilhões em 2024, segundo a Interfarma, com expectativa de crescimento anual de 6% até 2028, impulsionado pela inovação, pelo envelhecimento populacional e pelo aumento do acesso a medicamentos genéricos e biotecnológicos.
Mas junto com o avanço chegam novos desafios e a certeza de que a gestão de riscos passou a ser fator estratégico para a sustentabilidade e a competitividade das empresas do setor.
Uma cadeia que não pode parar
O sistema farmacêutico é um dos mais sensíveis da economia: qualquer falha na cadeia produtiva pode comprometer o fornecimento de medicamentos essenciais e afetar vidas. Por isso, o tema da resiliência operacional ganhou espaço nas agendas de executivos, investidores e gestores de risco.
A verticalização que se refere ao modelo em que a empresa controla etapas de produção, armazenagem e distribuição tem sido uma das estratégias para mitigar vulnerabilidades logísticas, reduzir custos e aumentar o controle de qualidade.
Segundo o relatório IQVIA Market Prognosis 2025, mais de 40% das farmacêuticas brasileiras já operam com algum nível de verticalização, buscando previsibilidade em um cenário de flutuações cambiais e escassez global de insumos.
No entanto, essa integração exige uma boa estrutura de compliance, seguros específicos e planos de continuidade de negócios. Questões como segurança de transporte, temperatura controlada e rastreabilidade são pontos críticos e qualquer incidente pode gerar impactos financeiros e reputacionais expressivos.
Tecnologia, ESG e rastreabilidade
O uso de tecnologia para rastrear lotes, prever gargalos logísticos e controlar o armazenamento de medicamentos tornou-se parte central da governança. O investimento em IoT, blockchain e analytics amplia a capacidade de monitoramento e antecipa riscos.
A Anvisa, por exemplo, intensificou exigências sobre rastreabilidade e segurança de medicamentos, enquanto novas normas internacionais de boas práticas de fabricação e transporte aumentam a pressão sobre o setor.
Gestão de riscos: de protocolo a diferencial competitivo
A pandemia de Covid-19 foi um divisor de águas para a percepção de risco na indústria farmacêutica. A escassez de insumos e o colapso logístico global mostraram a importância de mapear vulnerabilidades antes que elas se tornem crises. Hoje, empresas que combinam análise de risco, governança e inovação conseguem transformar ameaças em vantagem competitiva.
A gestão de riscos, nesse contexto, se expande: não trata apenas de seguros, mas de estratégia integrada de continuidade, prevenção e cultura organizacional. Da gestão de dados à cibersegurança, das condições climáticas às relações com fornecedores, o risco tornou-se o eixo central da sustentabilidade corporativa.
Um setor em transformação constante
Nesse cenário, o diálogo entre gestores de risco e líderes do setor torna-se vital. No quinto episódio do Willis Talks, Jaderson Bonetti, gerente executivo de Tesourarias e Seguros da CIMED, compartilhou como a empresa vem desenvolvendo uma cultura de prevenção e eficiência operacional baseada em dados e colaboração.
O caso da CIMED ilustra o movimento mais amplo de transformação da indústria: uma mudança que vai muito além da tecnologia — e que tem no fator humano e na gestão de riscos os pilares para o futuro da saúde no Brasil.