A discussão sobre equidade de gênero no mercado de trabalho é uma das pautas mais urgentes e complexas da atualidade, especialmente em setores estratégicos como o da previdência privada. Ainda que as mulheres sejam protagonistas na gestão familiar e estejam cada vez mais presentes no ambiente corporativo, elas continuam enfrentando barreiras estruturais que limitam seu acesso a posições de liderança, sua autonomia financeira e sua capacidade de planejar um futuro seguro.
Dados globais e nacionais indicam que, entre mulheres de 15 a 49 anos, cerca de 70% lideram as decisões relacionadas ao orçamento doméstico, à educação dos filhos e à organização do trabalho familiar. Ainda assim, em aproximadamente 85% dos casos, a responsabilidade pelas tarefas domésticas continua recaindo quase exclusivamente sobre elas. Esse acúmulo de funções, conhecido como dupla jornada, é uma das principais barreiras ao avanço das mulheres na carreira e à sua participação plena em espaços de poder e decisão.
No mundo corporativo, a diversidade de gênero é reconhecida como um fator essencial para inovação, criatividade e desempenho dos negócios. Ambientes inclusivos promovem a multiplicidade de perspectivas, ampliam o capital intelectual das organizações e fortalecem sua cultura interna. Apesar disso, a representatividade feminina em cargos de liderança ainda é significativamente menor do que a masculina.
Na WTW, por exemplo, a criação de grupos de afinidade, apoiados por um comitê de diversidade, tem se mostrado uma estratégia eficaz para fomentar a escuta ativa e implementar mudanças concretas. Tais iniciativas contribuem para que colaboradores de diferentes perfis se sintam valorizados, fortalecendo o senso de pertencimento e a retenção de talentos.
O setor de previdência privada, em particular, espelha muitas dessas desigualdades estruturais. A participação feminina em cargos decisórios ainda é limitada, com uma média de 20% de mulheres em diretorias e conselhos de entidades fechadas. Essa sub-representação não resulta da falta de competência, mas sim da ausência de oportunidades e visibilidade históricas, principalmente em áreas técnicas e financeiras, como a atuarial e de investimentos. Essa lacuna limita a capacidade de influenciar políticas que possam beneficiar diretamente o público feminino.
Além disso, a desigualdade salarial, as interrupções de carreira relacionadas ao cuidado familiar e a menor exposição a cargos de liderança comprometem a capacidade das mulheres de acumular recursos para a aposentadoria. Por isso, o planejamento previdenciário é uma ferramenta vital para que as mulheres possam assumir o controle de seu futuro financeiro, construindo autonomia e segurança para si mesmas e suas famílias.
Infelizmente, ainda recai majoritariamente sobre as mulheres a responsabilidade de criar consciência sobre seu próprio papel na sociedade e no mercado de trabalho. Por mais que o protagonismo feminino seja essencial, ele não pode caminhar sozinho.
A transformação desse cenário depende de um compromisso coletivo que vá além de ações isoladas. É preciso reconhecer as desigualdades estruturais e adotar políticas inclusivas robustas, que promovam o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional e ampliem o acesso das mulheres a cargos de decisão.
É igualmente fundamental que homens, líderes e organizações estejam dispostos a escutar, aprender e agir para construir ambientes verdadeiramente inclusivos.
Iniciativas recentes, como o evento promovido pela WTW, ilustram essa urgência e compromisso. Esses encontros são momentos importantes para refletir, trocar experiências e renovar o propósito de promover a equidade de gênero em todos os níveis. Eles reforçam que, quando uma mulher rompe barreiras, não avança sozinha, mas abre caminhos para tantas outras, multiplicando impactos positivos na sociedade e no mercado.
A equidade de gênero deve ser tratada como um compromisso estratégico e permanente. Reconhecer o papel das mulheres na transformação das estruturas familiares, profissionais e sociais, incluindo o futuro da previdência privada, é essencial para promover mudanças consistentes e sustentáveis.