Nossa pesquisa “Global Benefits Attitudes” de 2024 destaca um problema global significativo e crescente: o bem-estar financeiro se tornou o principal desafio enfrentado pelas pessoas nas organizações. Apesar da maior conscientização sobre essa questão e dos esforços para oferecer suporte, as organizações ainda relatam baixa eficácia no apoio ao bem-estar financeiro de seus colaboradores.
Isso não ocorre por falta de iniciativa, já que muitas implementaram programas ou soluções pontuais de fornecedores, como poupança de emergência ou treinamento sobre finanças, como forma de reforçar a resiliência financeira.
No entanto, os resultados das iniciativas têm sido variados, e a maioria das organizações ainda enfrenta uma utilização ineficaz dos benefícios oferecidos e falta de compreensão e reconhecimento por parte dos colaboradores em relação às ofertas de bem-estar financeiro. Além disso, os avanços conquistados foram comprometidos por fatores, externos, como o aumento da inflação pós-pandemia e as incertezas econômicas. Infelizmente, as pessoas dizem que hoje estão mais estressadas financeiramente do que há dois anos.
Este tópico continua sendo um imperativo estratégico para os negócios. Os dados da pesquisa de Diagnóstico de bem-estar de 2024 mostram uma forte correlação entre a saúde financeira dos empregados e sua produtividade e engajamento no trabalho. Apoiar o bem-estar financeiro pode ser um diferencial à medida que as empresas intensificam a concorrência para atrair e reter talentos. É claro que um maior bem-estar financeiro contribui diretamente para os resultados. A questão é como desenvolver uma estratégia que seja eficaz e sustentável a longo prazo.
Um problema complexo para resolver
Os desafios financeiros não são uniformes entre as pessoas de uma mesma organização: eles variam amplamente com base na demografia da força de trabalho, cargos e localizações geográficas. Embora muitas empresas ofereçam salários competitivos e planos de aposentadoria, esses programas, por si só, podem não atender efetivamente às necessidades financeiras mais amplas, como o aumento do custo de moradia, poupança de emergência, gerenciamento de dívidas e alfabetização financeira.
Além disso, proteger os profissionais da organização contra choques financeiros futuros é um desafio. A qualquer momento, as condições econômicas podem mudar drasticamente, trazendo novas tensões financeiras. Até o momento, as empresas não conseguiram agir com rapidez suficiente para evitar a deterioração da saúde financeira das pessoas.
Por onde começar?
Mensure a saúde financeira de sua força de trabalho
É crucial começar este processo avaliando minuciosamente o estado atual da saúde financeira das pessoas de sua organização. Ferramentas avançadas de análise e diagnóstico oferecem uma visão clara sobre o bem-estar financeiro, permitindo identificar os colaboradores impactados, entender as diferenças demográficas, socioeconômicas ou geográficas, além de avaliar a gravidade das situações e as causas do estresse financeiro. Essa etapa é fundamental para garantir que as soluções sejam direcionadas para atender às principais prioridades dos funcionários, proporcionando o máximo impacto.
Integre suas estratégias de remuneração, benefícios, bem-estar e carreira
Após compreender o estado atual, é importante revisar as estratégias de remuneração, benefícios, bem-estar e carreira para garantir que elas atendam às necessidades básicas dos colaboradores e promovam economias de longo prazo.
As áreas em que esses programas podem ter um impacto significativo no bem-estar financeiro incluem:
Remuneração
Conseguir a remuneração adequada é um desafio, mas é o pilar central de uma estratégia de bem-estar financeiro bem-sucedida. As organizações geralmente se concentram demais na competitividade do mercado e nas tendências, em vez de personalizar as estratégias de remuneração de acordo com as necessidades exclusivas de sua força de trabalho e do negócio. Por exemplo, como a remuneração pode impulsionar a acessibilidade e a criação de riqueza a longo prazo e, por sua vez, melhorar a retenção e a produtividade?
As organizações podem ser mais eficazes de várias maneiras, incluindo:
- Oferecer um salário justo e digno para atender aos novos requisitos de conformidade em determinadas regiões (como a Diretiva de Relatórios de Sustentabilidade Corporativa da UE), e fornecer alívio financeiro para aqueles que mais precisam, como os que possuem salários mais baixos.
- Ser mais transparente com a remuneração. Ao fornecer informações sobre o programa de remuneração , as organizações podem aumentar a valorização pela força de trabalho, promovendo uma cultura de confiança e apoio, onde o bem-estar financeiro é reconhecido como uma prioridade.
- Garantir que as pessoas sejam reconhecidas e recompensadas por seu desempenho, o que pode levar a uma maior motivação, melhor desempenho da empresa e mais oportunidades para as pessoas construírem riqueza.
- Introduzir flexibilidade na forma como a remuneração é feita. Por exemplo, dar aos funcionários a escolha entre dinheiro ou ações permite que eles adaptem sua remuneração para se adequar às suas circunstâncias financeiras específicas.
Benefícios
Conectar estratégias de remuneração e benefícios é fundamental para apoiar a resiliência financeira dos funcionários. No entanto, muitas organizações ainda operam de forma isolada, sem integrar essas áreas. Em vez disso, as organizações devem considerar:
- Adotar uma abordagem de "contracheque" para o design de benefícios, considerando de forma adequada os desafios de acessibilidade das pessoas à sua real utilização. É importante avaliar como as regras de coparticipação e outros modelos de compartilhamento de custos podem reduzir o salário líquido, impactando negativamente a saúde financeira a longo prazo.
- Revisar os programas de benefícios para garantir que ofereçam acessibilidade, flexibilidade e opções suficientes. Desta forma, os colaboradores podem dimensionar corretamente seus orçamentos de acordo com suas necessidades financeiras específicas.
- Fornecer benefícios de proteção adequados (como programas de suporte à deficiência, políticas para doenças crônicas, roubo de identidade e outros produtos voluntários) para apoiar uma série de eventos da vida e fortalecer a resiliência financeira dos colaboradores durante choques financeiros inesperados.
- Ajudar as pessoas a tomar boas decisões. Quando há muitas opções disponíveis, os colaboradores podem tomar decisões que não atendem adequadamente ao seu perfil e necessidades. As organizações têm um papel importante em orientá-los a fazer escolhas mais alinhadas com suas restrições orçamentárias de curto prazo e metas financeiras de longo prazo. Para isso, é essencial priorizar comunicações claras e transparentes sobre o funcionamento dos programas de benefícios, a fim de aumentar a eficácia geral da oferta de remuneração e benefícios.
Bem-estar
Além dos benefícios principais, os programas de bem-estar desempenham um papel fundamental na construção de resiliência financeira. Para reforçar esta abordagem, considere:
- Utilizar soluções especializadas de bem-estar financeiro (como as relacionadas à gestão da dívida, acesso a fundos emergenciais e apoio nas decisões de investimento) para complementar os programas de remuneração e benefícios existentes (por exemplo, previdência).
- Desenvolver a consciência financeira fornecendo acesso à educação e treinamento adequados (e imparciais).
- Ser holístico. Os dados mais recentes da WTW mostram uma forte conexão entre o bem-estar físico, social, emocional e financeiro. Por exemplo, quando as pessoas enfrentam desafios de bem-estar social, físico ou emocional, correm um risco maior de dificuldades financeiras. Investir em programas que melhoram o bem-estar geral pode ter efeitos positivos mais à frente na vida financeira dos funcionários.
Carreiras
Estratégias de carreira podem complementar ou comprometer o sucesso de uma estratégia de bem-estar financeiro, principalmente a longo prazo, conforme tempo de empresa do colaborador. Organizações que usam carreiras para reforçar a resiliência financeira das pessoas:
- Criam planos de carreira claros, permitindo que os colaboradores visualizem oportunidades de crescimento na organização, com promoções e aumentos salariais que podem aumentar as reservas financeiras ao longo do tempo.
- Ajudam as pessoas a desenvolver sua maturidade profissional, descrevendo habilidades e competências necessárias em cada nível, aumentando sua empregabilidade e ganhos potenciais no mercado de trabalho mais amplo.
Dando vida às estratégias de bem-estar financeiro
Além dos programas, as organizações devem priorizar como podem melhorar a resiliência financeira dos profissionais com estratégias mais eficazes de engajamento e medição relacionadas a seus salários, benefícios, bem-estar e ofertas de carreira.
Por exemplo:
- Comunicar o "o quê" sobre seus programas, mas não se esquecer de explicar o "porquê".
- Conectar os pontos para os empregados: mostre como seus programas ajudam a construir resiliência ou fornecem flexibilidade financeira para que as iniciativas da organização sejam reconhecidas.
- Promover uma cultura que incentiva discussões abertas sobre desafios e soluções financeiras. Isso pode incluir parcerias com grupos de recursos de empregados (EAPs), além de treinar gerentes e profissionais de RH para reconhecer sinais de estresse financeiro e direcionar as pessoas para os recursos apropriados.
- Monitorar a saúde financeira da organização para impulsionar o sucesso do programa e da organização e reavaliar a estratégia com frequência.
- Melhorar a preparação para a incerteza econômica: sua estratégia é ágil? Você tem processos em vigor para responder rapidamente às mudanças nas condições?
Cada uma dessas etapas pode ajudar sua organização a transformar essa ambição em realidade para as pessoas, criando um forte diferencial competitivo no mercado.
Aja agora!
Melhorar a resiliência financeira dos colaboradores deixou de ser uma opção para as organizações e tornou-se um imperativo estratégico. Nossos dados mostram que quase 60% das pessoas em todo o mundo enfrentam desafios relacionados à saúde financeira.
Os riscos de não conduzir o tema adequadamente são altos. Funcionários insatisfeitos podem buscar oportunidades com salários mais altos, causando alta rotatividade, queda de produtividade e agravando os desafios de compressão salarial que muitas empresas ainda não conseguiram resolver, mesmo após recordes de demissões voluntárias.
Coordenar remuneração, benefícios, bem-estar e estratégias de carreira para atender às necessidades das pessoas - desde acessibilidade e geração de renda até educação financeira - cria um cenário vantajoso para todos. Ao mesmo tempo que aumenta resiliência financeira dos empregados, impulsiona os resultados do seu negócio.