Desde o Acordo de Paris, em 2015, a necessidade de mudanças reais e dos paradigmas dos modos de produção de energia está muito clara. No entanto, embora esforços estejam sendo feitos, a crise climática se intensifica pelo mundo, com recordes de temperatura em 2023 e aumento de eventos extremos, como as enchentes que inundaram, pelo menos, 80% das cidades do Rio Grande do Sul neste ano.
A ciência aponta que a emissão de gases de efeito estufa - especialmente o dióxido de carbono - gerados pelo uso de combustíveis fósseis é fator determinante para as mudanças climáticas. Assim, na COP 28, no ano passado, foi estabelecido o acordo de “transição para longe dos combustíveis fósseis nos sistemas de energia de maneira justa, ordenada e equitativa, para alcançar o zero líquido [neutralidade de carbono] até 2050.”
É aqui que a transição energética desponta como caminho essencial para conter a crise climática - e as que vêm em sua consequência.
Nesse percurso de transformação, ao mesmo tempo urgente e complexo, empresas de recursos naturais precisam conhecer as possibilidades para a mudança acontecer, saber quais são os desafios a serem enfrentados e se preparar para lidar com os riscos emergentes desse cenário. Acompanhe esses tópicos a seguir, com base nos insights da pesquisa “O risco climático e a transição energética”, realizada pela WTW.
A abordagem predominante entre as 50 empresas, de grande e pequeno porte, respondentes da pesquisa se refere à estratégia de descarbonização de seus ativos atuais, ou seja, buscam reduzir a emissão de gás carbônico em suas operações diárias. Em seguida, as empresas consideram a mudança de tecnologias para reduzir as emissões e aplacar os impactos.
Entre as tecnologias mais citadas estão a energia solar (56%) e a energia eólica (44%), mas vale destacar que tecnologia de hidrogênio de baixo carbono e fontes sintéticas têm crescido em interesse, com uma previsão de alcançarem um mercado de 1 bilhão de dólares até 2050, de acordo com o The Boston Consulting Group.
A pesquisa da WTW perguntou aos gestores de risco: quais são os riscos mais significativos que a sua empresa estará exposta com as mudanças climáticas e transição energética? Aqui, elencamos os fatores que alertam tais lideranças e podem servir de referência para a sua empresa navegar nesse processo.
Investidores estão mais preocupados em aportar recursos em empresas que têm um plano de transição energética e se mostram mais preparadas diante da crise climática. As seguradoras, incluídas nesse grupo, também estão cada vez mais atentas aos compromissos das organizações com critérios ESG.
Assim, a previsão é que as seguradoras reavaliem tanto a possibilidade de cobertura quanto o valor dos seguros. Este ponto precisa estar no horizonte de líderes e gestores de risco.
O estudo da WTW mostra que as regulamentações emergentes são a principal preocupação de líderes de risco nas empresas, o que pode afetar diretamente a evolução da transição de tecnologias e fontes de energia. Além disso, há também a questão jurídica, já que com o aumento de desastres climáticos, as empresas podem ficar mais suscetíveis a processos da sociedade civil.
Com o avanço da digitalização nas organizações, as tecnologias, certamente, favorecem a eficiência e a sustentabilidade de sistemas de energia. Mas a implantação de novos recursos digitais também leva a novas preocupações sobre segurança da informação e privacidade.