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Relatório da pesquisa

Pesquisa sobre Seguro de Responsabilidade de Diretores e Administradores 2022

Perspectiva da América Latina

Agosto 25, 2022

Temos a satisfação de compartilhar o relatório da Pesquisa sobre Seguro de Responsabilidade de Diretores e Administradores (D&O) 2022 da WTW em parceria com a Clyde & Co LLP.
Risk & Analytics|Cyber Risk Management
N/A

Apresentamos o relatório global da Pesquisa sobre Seguro de Responsabilidade de Diretores e Administradores (D&O) 2022, realizada pela WTW em parceria com a Clyde & Co LLP.

No ano passado, produzimos nosso primeiro relatório com foco internacional. Este ano, ampliamos ainda mais o alcance com respostas de diretores e gestores de riscos baseados em mais de 40 países ao redor do mundo. Como resultado, podemos comparar os resultados da América Latina, Grã-Bretanha (GB), Estados Unidos, Europa, Ásia e Austrália. Também trabalhamos para incluir:

  • Mais perguntas sobre o risco de mudanças climáticas para os diretores, com foco em diferentes aspectos do risco físico, risco de transição e riscos decorrentes dos requisitos de relatórios sobre mudanças climáticas;
  • Foco e monitoramento do risco cibernético, principalmente na "extorsão cibernética", que provocou uma forte resposta dos entrevistados, tornando-se imediatamente um dos cinco principais riscos em todas as regiões;
  • Perguntas que exploram até que ponto as empresas dos entrevistados implementaram seguros por meio de cativas ou outras alternativas ao seguro de D&O.

Alguns resultados interessantes surgiram das novas perguntas. Apesar do aumento da atenção sobre os riscos das mudanças climáticas após a COP26 e das recentes mudanças regulatórias, ela ainda permanece fora dos cinco principais riscos em todas as regiões. No entanto, tornou-se o risco número seis para os diretores em GB, Ásia e Australasia e, quando analisado por grupos de indústrias, as mudanças climáticas estão entre os cinco principais riscos para finanças e seguros, bem como para energia e serviços públicos.

Nossa pergunta sobre o uso de "cativas" e soluções alternativas de transferência de risco destacou que até 20% dos entrevistados disseram que seus negócios estavam considerando implementar alternativas no futuro e que a mais alta das alternativas implementadas era uma garantia pessoal do passivo dos diretores, CEO,  acionista majoritário ou outra fonte.

O aumento do alcance internacional da pesquisa também nos permitiu fazer comparações interessantes entre as respostas regionais. Uma área em particular na qual isso pode ser observado foi nos limites de seguros de D&O que as empresas dos entrevistados compram. Na América Latina, podemos observar que 19% não compraram seguros de D&O em comparação com 0-8% dos entrevistados em outras regiões. Em contrapartida, 28% dos entrevistados na Europa e 31% dos entrevistados na América do Norte compraram US$ 100 milhões, enquanto na América Latina a maioria dos entrevistados comprou entre USD 1M e USD 4M. Consideramos os aspectos do seguro de D&O mais detalhadamente em nosso artigo "Cobertura de Seguros de Diretores e Administradores".

Identificamos também alguns pontos de destaque interessantes da América Latina abordados no artigo de Marcela Visbal Acuña, Regional Cyber Product Leader e Rodrigo Flores, Regional Cyber Manager LatAm, que compartilhamos a seguir.

Perspectiva da América Latina

Nenhum resumo de risco pode ignorar a volatilidade dos eventos globais. A pandemia e os eventos geopolíticos mais recentes mudaram a perspectiva do risco global para além do reconhecimento.

As preocupações de risco das empresas globais e de seus diretores são exclusivas às suas circunstâncias, e é muito provável que um diretor na América Latina tenha prioridades diferentes de um diretor na Ásia ou na Europa, por exemplo. Dito isso, as preocupações com o risco são geralmente semelhantes na natureza e variáveis no grau de intensidade.

Com base nos resultados da pesquisa, vemos que para os D&Os da América Latina os riscos de maior preocupação com as consequências financeiras ou reputacionais que podem causar aos seus negócios são aqueles relacionados ao mundo cibernético, considerando suas múltiplas variações e consequências, ficando em primeiro lugar a perda de dados como preocupação de 86% dos entrevistados. Isso deriva do endurecimento das regulamentações e normas dos países desenvolvidos e da evolução ou desenvolvimento de novas normas de proteção de dados na região. Em sua maioria, tais leis se assemelham ao modelo europeu e muitas delas relativamente novas ou sob revisão, como é o caso da Argentina com a Lei 25.326 publicada em 2000, ou países com regulamentos vigentes como Chile, Panamá, Brasil, Paraguai, Uruguai, México, e Perú com a lei 29.733 de 2021 - a mais recente sobre proteção de dados pessoais no mundo.

Essas leis são extraterritoriais forçando os gestores a prestar especial atenção aos ativos digitais que armazenam e às consequências legais e reputacionais, bem como às multas ou sanções às quais podem ser credores por entidades reguladoras.

A segunda maior preocupação refere-se à extorsão cibernética, de acordo com 80% dos entrevistados. Observa-se que como resultado da pandemia, as extorsões de ransomware não apenas criptografam as informações em busca do pagamento de resgate (regularmente feito em criptomoedas), mas agora ameaça expor informações, tornando esse risco uma questão extremamente preocupante e diretamente relacionada à perda de dados.

Da mesma forma, observa-se que 77% dos entrevistados revelam sua preocupação com ataques cibernéticos, no qual se pode integrar formas não autorizadas de acesso a seus sistemas, causando danos financeiros e operacionais que colocam em risco a continuidade de seus negócios. Isso está perfeitamente relacionado à seguinte preocupação dos entrevistados referente a crimes econômicos (75%), podendo ocorrer por meio de vulnerabilidades na segurança dos sistemas, utilizando táticas como phishing ou roubo de identidade, que podem gerar o sequestro de recursos por esses meios.

As preocupações com questões regulatórias, corrupção e suborno, bem como ações ou disputas de acionistas continuam a ter um alto impacto sobre os entrevistados na América Latina em comparação com outras regiões do mundo, mas é claro que os ambientes macroeconômicos e políticos da região têm uma influência significativa sobre esse resultado.

Principais riscos para os diretores e administradores das organizações (financeiro ou reputacional)

Na América Latina, observa-se que existem riscos subjacentes para as empresas que reduzem a operação de seus negócios, tendo como maior relevancia o clima econômico, que é bastante significativo, uma vez que os governos atuais de diferentes países têm desacelerado projetos de investimento ou não têm políticas claras de crescimento, o que dificulta o desenvolvimento contínuo dos negócios.

Em segundo lugar, há as consequências da pandemia da COVID-19, considerando as medidas de confinamento tomadas pelos governos e o impacto que geraram em muitos setores. Os ataques cibernéticos ocupam o terceiro lugar, isso está relacionado ao número de ataques que têm sido observados globalmente e, particularmente, na América Latina, onde infelizmente muitas empresas ainda não estão preparadas em termos de cibersegurança ou estão apenas começando com planos de transformação digital, tornando-as um alvo fácil para os cibercriminosos. Da mesma forma, condições políticas como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia intensificam os ataques que são recebidos diariamente colocando as organizações em uma situação de maior exposição. A região também atribui maior importância aos avanços tecnológicos, os quais devem começar a incorporar em seus negócios, bem como às mudanças climáticas e às novas normas de inclusão e diversidade, que devem se adaptar às estratégias de uma empresa alinhada com os fatores de ESG (Environmental, Social and Governance).

Na América Latina, predomina a falta de regulamentação em questões significativas tais como o clima e a insegurança jurídica e política, de modo que as consequências da pandemia são diferentes das enfrentadas por outras regiões. Isso se reflete nos resultados específicos da região na pesquisa. Esses aspectos também afetam o desenvolvimento do seguro de D&O em países da América Latina, onde o endurecimento do mercado afetou mais a região do que outras localidades. Houve uma diminuição da capacidade devido ao desinteresse dos mercados em dar suporte, em função dos riscos adicionais que enfrentam em outros países, além da alta volatilidade.

Cobertura de seguros de responsabilidade de diretores e administradores

De acordo com a pesquisa, existem várias preocupações ou condições que os gestores da América Latina buscam na cobertura do seguro de D&O, observando que a grande maioria pergunta sobre cobertura de multas ou penalidades por parte dos reguladores, uma vez que estes podem ter um impacto significativo em seus balanços financeiros, no entanto, é muito importante levar em conta as regulamentações de cada país, uma vez que em muitos territórios estes não são seguráveis. O próximo ponto de interesse é que a apólice responda a sinistros e seja capaz de indenizar em diversas jurisdições, entendendo a globalização dos negócios, e para isso existem efetivamente soluções dentro do seguro que devem ser interpretadas ou estipuladas, compreendendo as diferenças entre territorialidade, jurisdição de cobertura e interpretação da apólice. Em terceiro lugar, busca-se a possibilidade de escolha dos escritórios de advocacia que fariam a defesa dos D&Os; buscam também pela experiência na área, seja criminal, trabalhista, comercial ou pela experiência anterior que possuem com as organizações, por isso, neste momento, é importante buscar estabelecer um protocolo de sinistros considerando as negociações relevantes com a seguradora ou resseguradora para estabelecer um painel que permita a defesa correta e que ambas as partes estejam alinhadas.

Podemos afirmar que as questões de lavagem de dinheiro, corrupção ou suborno ainda são significativas para a região e que se deve ter um cuidado especial em como elas afetam a apólice de D&O, uma vez que esses tipos de condutas são regularmente excluídas. Mas deve ser validado se houver algum tipo de “carveback”, no qual pode ser dada cobertura para despesas de defesa a um D&O quando ele é acusado de qualquer uma dessas condutas, e que não é excluído até que haja um julgamento final de um juiz, entendendo que muitas vezes os D&Os são acusados sem fundamento e podem ser absolvido.

Reivindicações

A pesquisa também mostra que na América Latina as ações penais envolvendo diretores representam 14%, e as reivindicações regulatórias 24%, contra 11% e 20% do resto do mundo, respectivamente.

Observa-se que as preocupações dos D&Os estão diretamente relacionadas à forma como as reivindicações, disputas, investigações, relações públicas, entre outros, devem ser tratadas, o que deixa claro que é importante ter uma assessoria adequada sobre o uso da apólice, seu funcionamento e como ela deve estar alinhada aos estatutos sociais das organizações, às suas políticas internas e sem negligenciar o entendimento correto das leis que regulam o negócio em todas as áreas, desde regras fiscais, comerciais, trabalhistas e particulares, de acordo com a atividade de cada empresa.

Mudanças climáticas e riscos regulatórios

As preocupações dos diretores com as mudanças climáticas talvez sejam compreensíveis, dada a falta de regulamentação que historicamente deixou um impacto significativo na América Latina e pode resultar em um aumento do risco no futuro. A pesquisa nos mostra um risco físico de 67%, bem acima da média geral de 45%. No entanto, para os requisitos de relatórios, eles têm 59% em comparação com a média geral de 54%. Por fim, mostra um risco de transição de 57%, em comparação com a média global de 55%.

Podemos identificar que a preocupação em geral com a América Latina nas três áreas é maior do que nas demais regiões, isso se deve, em primeira instância, aos investimentos que devem ser feitos para mitigar riscos físicos e garantir planos de recuperação de desastres, da mesma forma as questões regulatórias e a transformação para empresas com governança ESG, que começam a ser cada vez mais observadas pelos reguladores e pela sociedade em geral, fazendo uma forte pressão sobre os D&Os para tomar medidas imediatas, antes que seja tarde demais.

No que diz respeito à tecnologia e aos riscos cibernéticos, há também a falta de regulação e consciência da necessidade de ter uma segurança e controles mais fortes. As empresas na América Latina estão finalmente começando a se preocupar com o desenvolvimento desses controles e segurança, tendo anteriormente se considerado alheia aos grandes eventos existentes em todo o mundo. A verdade é que, de qualquer maneira, é uma região impactada por ataques cibernéticos, onde não há prevenção ou gestão adequada de eventos e, na maioria dos casos, nem transferência de risco.

Em resumo, é possível que a falta de regulação e gestão dos principais riscos, juntamente com formas limitadas de transferência de riscos, provavelmente sejam fatores que contribuem para que as preocupações dos entrevistados latino-americanos sejam mais acentuadas em muitos dos riscos.

Sobre a pesquisa

A América Latina foi responsável por 15% das respostas globais da pesquisa e a distribuição por indústria está indicada a seguir:

Distribuição por geografia
Mapa global mostrando a porcentagem de entrevistados por geografia/regiões
Nota: As receitas em EUR, GBP, JPY e CNY foram convertidas para USD a partir de 9 de novembro de 2021. As porcentagens podem não somar 100% devido a arredondamentos.

Fonte: 9a Pesquisa sobre Seguro de Responsabilidade de Diretores e Administradores 2022.

Distribuição por indústria
Gráfico mostrando a porcentagem de empresas pesquisadas por indústria
Nota: As porcentagens podem não somar 100% devido a arredondamentos.

Fonte: 9a Pesquisa sobre Seguro de Responsabilidade de Diretores e Administradores 2022.

O resumo abrange somente parte dos dados que coletamos. Faça download do relatório e:

  • Aprofunde-se nas opiniões expressas por diretores e gestores de risco em todo o mundo;
  • Descubra o impacto de ataques cibernéticos e violações de dados nas organizações;
  • Descubra os principais problemas, incluindo as mudanças climáticas, à medida que elas rapidamente se movem para o topo da agenda da liderança.

Esperamos que você aprecie a leitura de nossa pesquisa. Se você quiser saber mais informações sobre os resultados da América Latina, entre em contato conosco. A WTW pode apoiá-lo nesse e em outros temas relacionados à gestão e transferência de riscos cibernéticos e financeiros de sua organização.

Contatos

Diretora de Linhas Financeiras

Ana Albuquerque é advogada e possui 25 anos de carreira em empresas relevantes de setores financeiros, legais e de seguros. Atua na WTW desde 2015 e, em 2019, assumiu a posição como diretora de Linhas Financeiras e Cyber Risk.


Andrea Garcia Beltran-Santacruz
Head of FINEX LatAm

Regional Cyber Product Leader, Latin America

Rodrigo Flores
FINEX Regional Cyber Manager LatAm

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