No seguimento da partilha dos resultados de um estudo recente sobre Benefícios, verifica-se que o seguro de Vida Grupo tem vindo a registar uma maior valorização por parte das empresas no momento de decisão sobre os benefícios a oferecer aos seus colaboradores, com um aumento da prevalência deste benefício de 69% para 74%, entre 2020 e 2022.
Como principais drivers para este crescimento, temos a necessidade das organizações em reforçar a sua capacidade de atração e retenção de talento, bem como o seu maior foco na responsabilidade social corporativa. A própria evolução do produto, que o tornou bastante mais atrativo para os colaboradores, tem igualmente contribuído de forma positiva.
Como fatores de modernização, temos as chamadas coberturas Living Benefits, as quais permitem uma evolução do produto - que tem sido visto, desde sempre, apenas como uma garantia financeira para terceiros (herdeiros ou beneficiários nomeados) -, tornando-o num benefício relevante para fazer face a desafios ocorridos por doença ou acidente durante a vida ativa do próprio colaborador.
Esta evolução tem feito com que o seguro de Vida se torne cada vez mais um produto valorizado pelos colaboradores, passando a ser uma escolha natural na hora de uma empresa tornar o seu pacote de benefícios mais robusto e diferenciador da sua concorrência.
Através da subscrição desta mais recente cobertura complementar, a pessoa segura terá direito a uma antecipação do capital seguro em caso de diagnóstico de determinadas doenças graves. Por outro lado, com o atual contexto económico, onde nos deparamos regularmente com aumentos sucessivos do preço do dinheiro, existe uma maior vontade do colaborador em trocar o seu seguro de vida, que até então estava juntamente com o crédito habitação, para, de forma parcial ou no limite substituindo-o, as apólices de Vida Grupo oferecidas pela sua empresa, o que faz com que exista uma poupança real por parte do colaborador, levando a uma maior valorização deste benefício por parte do mesmo.
O seguro de Vida poderá ser igualmente um instrumento para complementar os plafonds de saúde, que em muitos casos são insuficientes para o tratamento de situações de maior gravidade. Esta complementaridade ao seguro de Saúde poderá ter igualmente um efeito positivo na sustentabilidade do benefício de Saúde, reduzindo por esta via alguma da sua sinistralidade.
Dentro do âmbito de cobertura do seguro de Vida, a adaptação tem sido real, pois o mercado tem acedido à derrogação de exclusões mediante a necessidade e/ou enquadramento do cliente, como, por exemplo, de fenómenos da natureza e/ou de atos de terrorismo, bem como de alguns desportos radicais ou de inverno. Nas grandes metrópoles, a derrogação da exclusão relacionada com veículos de 2/3 rodas deverá ser mais valorizada, pois muitas pessoas já se movimentam em veículos desta tipologia (trotinetes e/ou bicicletas e/ou motociclos).
Outro ponto importante em que os mercados se têm vindo a posicionar está relacionado com a criação de parcerias internacionais através de pools, onde as multinacionais dispõem de uma oferta diferenciada, com a possibilidade de soluções mais complexas e abrangentes tendo acesso a uma tarifação diferenciada e a um Free Cover Limit (limite para aceitações automáticas) mais robusto.
De salientar o facto de Portugal estar ainda uns passos atrás de geografias como Espanha, Suíça, França, ou mesmo Itália e Reino Unido, nas quais a generalidade das empresas têm o seguro de Vida como um benefício core, assumindo, assim, uma necessidade determinante em trilhar um caminho sob forma a melhorarmos a prevalência deste benefício em Portugal.
Ao contrário de outros sectores do mercado segurador, a digitalização ainda tem um longo caminho a fazer no seguro de vida, quer no processo de emissão e gestão de apólices, como na gestão dos próprios sinistros.
Por outro lado, a necessidade das coberturas acompanharem o fato de os colaboradores se manterem no ativo até idades mais avançadas, obriga a que seja preciso adaptar diversos fatores, pois acreditamos que num curto/médio prazo as seguradoras se desafiarão em vários aspetos, como a tarifação para idades superiores a 70 anos, mas, também, no ajuste de coberturas para populações mais seniores, alinhando assim os limites etários das coberturas.
Em suma, verificamos que, nos dias de hoje, o seguro de vida é um benefício muito para além de um pagamento em caso de morte, existindo um processo evolutivo e de modernização em curso, criando opções de grande valorização por parte dos colaboradores, com a possibilidade de o passarem a poder usar em benefício próprio.
É igualmente importante a questão relacionada com a potencial poupança criada, ao nível das responsabilidades inerentes a eventuais créditos habitação dos colaboradores, o que reforça o papel do seguro de vida corporativo como ferramenta de captação/retenção de talento.