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Artigos

A responsabilização executiva e a atenção aos riscos ESG

Por Ana Albuquerque | Maio 2, 2022

Empresas e executivos sofrem pressão para atuar com foco nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG).
Financial, Executive and Professional Risks (FINEX)
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À medida que as empresas enfrentam uma pressão crescente para atuar com foco nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG) é preciso também manter a atenção na responsabilização dos líderes nas decisões tomadas com base nesses critérios. Os diretores passaram a ficar expostos a possíveis reivindicações de acionistas que apontem falhas ou omissões nesses quesitos e que podem representar prejuízos financeiros e de imagem para a companhia.

Recentemente, foi divulgado na mídia o caso dos diretores da Shell que estão sendo processados na justiça do Reino Unido por apresentarem ações que levem a companhia a chegar ao “net zero”. O argumento é que eles são pessoalmente responsáveis por não propor estratégias alinhadas ao acordo internacional de Paris. Diante deste e de outros casos que possivelmente podem acontecer, observamos um movimento no mercado, no qual alguns executivos passam a buscar resguardos por meio de produtos como o seguro D&O, que protege em caso de ação judicial por atos de gestão praticados no exercício do cargo.

Neste quesito, as seguradoras podem desempenhar um papel importante com uma gestão de riscos ESG mais ampla que incentive mudanças e a implementação de estratégias mais resilientes. Apesar de os aspectos de governança em ESG sempre terem sido considerados pelo mercado segurador, agora vemos as seguradoras mais atentas e exigentes, fazendo perguntas mais detalhadas para as organizações, o que também acaba sendo um modo de fazer com que ações mais concretas sejam realizadas.

Vemos uma maior movimentação por parte das empresas que possuem alta exposição ambiental e por isso recebem uma pressão maior, como as mineradoras, siderúrgicas e algumas do setor de energia. Mas as questões sociais também ganharam importância depois de acontecimentos importantes como os movimentos #MeToo e Black Lives Matters, junto com abordagens de equidade, inclusão e diversidade.

Além disso, o bem-estar social continua sendo um critério de grande peso desde a pandemia. As empresas estão sendo pressionadas a investir mais na qualidade de vida de seus funcionários e a manter um ambiente corporativo mais equilibrado. Isso tem sido observado pelo mercado de trabalho e se tornou um critério de atração e retenção de talentos. Definitivamente, é mais um ponto de atenção no dia a dia desses executivos.

Para tornar o gerenciamento de riscos mais efetivo, as empresas podem contar com a ajuda de profissionais especializados para desenvolver ações como, por exemplo, uma pesquisa de fatores de risco de responsabilidade climática, investigar o impacto da diversidade do conselho e incluir medidas ESG na remuneração executiva.

É provável que as questões ESG continuem ocupando uma posição de prioridade nas estratégias das empresas. Não há mais espaço para omissão, é preciso provar que ações concretas estejam sendo desenvolvidas. E diante disso, é importante que os líderes estejam protegidos de reivindicações das mais variadas naturezas.

Autora

Diretora de Linhas Financeiras

Ana Albuquerque é advogada e possui 25 anos de carreira em empresas relevantes de setores financeiros, legais e de seguros. Atua na WTW desde 2015 e, em 2019, assumiu a posição como diretora de Linhas Financeiras e Cyber Risk.


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