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Artigo técnico

Um contexto global para a indústria dos fundos de pensão no Brasil

Por Priscilla Pazos | Março 29, 2022

Resumo com os principais indicadores do mercado de fundos de pensão, de acordo com o Global Asset Study, desenvolvido pelo Thinking Ahead Institute (unidade de pesquisa da WTW).
Retirement|Investments
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Apesar de não ser uma surpresa para ninguém, 2021 foi difícil para os fundos de pensão no mundo, especialmente para as EFPC’s no Brasil. A seguir encontraremos os resultados compilados pela WTW em relação aos principais indicadores do mercado de previdência no último ano.

O Global Asset Study, desenvolvido pelo Thinking Ahead Institute (unidade de pesquisa da WTW) estima os ativos globais dos 22 principais países nos mercados de fundos de pensão (P221). Em 2021, o total em ativos destas regiões somaram USD56,6 trilhões, valor que corresponde a 76% do PIB dessas economias. O estudo demonstrou que, em uma década, a média de crescimento dos ativos tanto do grupo P22 quanto do grupo P72 obtiveram o mesmo resultado, 6,8% ao ano em dólares.

O panorama no Brasil não tem sido positivo, já que nos últimos 10 anos o país contraiu em 4,7%, sendo juntamente com o Japão, os únicos países que tiveram uma taxa de crescimento negativa, em dólares. No outro espectro, a China (20,6%), a Coréia do Sul (12,2%) e Hong Kong (9,4%) obtiveram as maiores taxas de crescimento no mesmo período.

Em termos da moeda local, o cenário brasileiro fica um pouco mais alentador. Em 10 anos, a taxa de crescimento em ativos de previdência foi de 6,5% a.a., superando países como França, Alemanha e Reino Unido (2,3%, 3,3% e 5,9% respectivamente). Entretanto, esse resultado positivo se encontra abaixo da média global (8,2%a.a.). Este cenário demonstra o quanto a desvalorização do real possui um papel importante na percepção do risco Brasil.

Em relação à representatividade dos mercados, os três países com maior participação (EUA, Reino Unido e Japão) compõem 75% do total de ativos. Caso considerarmos o P7 (7 principais mercados de fundo de pensão) a concentração é ainda maior, formando 92% do total de ativos previdenciários. Desses USD 56 trilhões, o Brasil detém somente 0,4% do total.

Analisando a evolução do patrimônio por formato de plano, é relevante mencionar o aumento do patrimônio nos planos de contribuição definida. No mundo, atualmente os planos CDs representam 54% do total de ativos enquanto os planos de Benefício Definido (BDs) 46%. Para efeito de comparação, há 5 anos os BDs eram os planos que possuíam maior participação (52%). Outro dado que demonstra uma tendência de crescimento dos planos CDs, é que nos últimos 10 anos estes ativos cresceram 9% a.a., enquanto os BDs cresceram apenas 4,8%a.a.. Se fizermos esta análise para os últimos 20 anos, a taxa de crescimento dos CDs foi 8,2% a.a. enquanto o crescimento dos BDs foi de 5,1% a.a.

A mesma evolução é observada no Brasil também. Segundo o último consolidado estatístico da Abrapp disponível (outubro 21) o percentual de planos CD’s é 18%, participação 29% maior do que há 5 anos (14%).

Quando o assunto é a alocação destes planos nas diferentes classes de ativos, o mercado brasileiro ainda tem uma diferença substancial em relação ao cenário global. No Brasil, a classe com maior proporção de alocação nas EFPC's é a renda fixa, com médias que ficam acima dos 75%.3 Já no grupo P7, a classe mais utilizada é a renda variável, representando 45% da alocação. No cenário dos principais mercados de fundos de pensão, é possível observar que os investimentos imobiliários e alternativos vêm ganhando espaço, com um crescimento de 14% nos últimos 10 anos, motivados por expectativas menores nas taxas de juro no médio prazo.

Para finalizar, destacamos os apontamentos feitos no relatório para sustentabilidade, onde observa-se uma realidade muito diferente no mercado brasileiro. O estudo destaca a necessidade de medidas concretas e mensuráveis por parte de gestores de fundos de pensão por meio de políticas ESG (Ambiental, Social e Governança). Contrário ao que é visto no Brasil até o momento, o posicionamento mais forte da indústria em relação a este tema, apoia-se em políticas claras e objetivas para os diferentes participantes (stakeholders) do processo de investimento.

Esperaremos com curiosidade os resultados do próximo período.

Para mais informações sobre a legislação aplicável às EFPC's, entre em contato com a equipe de Benefits Advisory and Complicance: E-mail: wtw.bac.brasil@willistowerswatson.com

Notas de rodapé

1 P22 Austrália, Brasil, Canadá, Chile, China, Finlândia, França, Alemanha, Hong Kong, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Malásia, México, Holanda, África do Sul, Korea do Sul, Espanha, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.

2 P7 Austrália, Canadá, Japão, Holanda, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.

3 Números da WTW Brasil, fechamento de dezembro de 2021.

Autor

Consultora de Investimentos na WTW Brasil

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